Após o leilão do início do mês, o desafio agora é atualizar as legislações para que os municípios recebam a tecnologia 5G. E ela já está pronta para desembarcar em cinco cidades do Norte e Noroeste Fluminense – fora outras cinco já deram encaminhamento para a aprovarem a lei que permite a instalação das novas antenas. A Firjan vem atuando junto às Câmaras de Vereadores e ao Fórum de Desenvolvimento do Rio, da Alerj, para mobilizar e assessorar as autoridades municipais a adequarem suas legislações para a tecnologia, que vai trazer mudanças radicais na economia e no dia a dia dos cidadãos e das gestões públicas e privadas. Por isso, a Firjan promove na segunda-feira (22) o evento “5G e a Indústria Brasileira: impactos de curto e médio prazos”, que reúne grandes empresas para debater as principais oportunidades trazidas pela tecnologia.
De acordo com o cronograma da Anatel, as capitais e o Distrito Federal vão contar com a nova tecnologia já a partir do ano que vem, e em seguida virão as cidades que primeiro atualizaram sua legislação. Campos, por exemplo, foi a primeira do estado – e a quinta do Brasil – a aprovar a Lei do 5G. Além de Campos, São João da Barra e Cardoso Moreira já sancionaram a lei – enquanto em Macaé, ela já passou pela Câmara. São Francisco de Itabapoana, São Fidélis, Quissamã, Conceição de Macabu e Carapebus também deram encaminhamento, e a Firjan vem prestando assessoria jurídica às autoridades responsáveis.
“A federação começou este movimento ainda no ano passado, e neste ano reunimos representantes dos poderes legislativo e executivo em torno do tema. O 5G será uma revolução que vai atrair bilhões em investimentos e mudar a forma de se fazer negócio em todo o mundo”, destacou o presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira.
Já no Noroeste Fluminense, Itaperuna e Itaocara também aprovaram a lei neste segundo semestre, após a Firjan Noroeste Fluminense reunir autoridades em torno do tema. Municípios como Italva, Santo Antônio de Pádua, Bom Jesus do Itabapoana, Laje do Muriaé e Miracema também solicitaram o apoio jurídico da federação para compor o projeto de lei.
“A Firjan cumpre seu papel de apoiar no desenvolvimento regional. Mantemos nosso corpo jurídico à disposição para que o Noroeste saia na frente nesta mudança tão fundamental para o futuro próximo”, disse o presidente da Firjan Noroeste Fluminense, José Magno Vargas Hoffmann.
Ao todo, 14 municípios, desde o Leste ao Norte e Sul do estado, já estão com leis sancionadas, incluindo a capital. A federação vem desde o início do ano de 2020 se reunindo com autoridades municipais de todo o estado, inclusive prestando apoio jurídico sobre o tema.
5G na indústria
Por conta dessas mudanças, o evento “5G e a Indústria Brasileira: impactos de curto e médio prazos”, promovido pela federação, vai reunir algumas associações e grandes empresas em torno do assunto. Com abertura do presidente Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, representantes da Petrobras, Vale, Enel Rio e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), vão debater as principais oportunidades trazidas pelo 5G, as transformações nos produtos, processos e insumos, além de mostrar como as empresas líderes vêm se preparando para esse cenário.
O evento acontece entre as 10h e 12h da próxima segunda-feira (22), e poderá ser acompanhado pelo link: https://youtu.be/6k2lcTSf1Lk.
Tecnologia de Campos em Mato Grosso
O 5G poderá inclusive, fomentar novos negócios de Campos para outras regiões. É o caso de Rodrigo Martins, cuja tecnologia já está presente em Nova Xavantina, em Mato Grosso, a cerca de 600 quilômetros da capital Cuiabá. Diversos chips foram instalados nos bois da Fazenda Boa Esperança, tornando possível o monitoramento de temperatura e peso dos animais. Mas, sem o 5G, o que seria um avanço fica refém da precária conectividade.
“Quando o gado vai para o pasto, ele passa por uma balança. E do total extraímos uma média de quanto cada boi estaria pesando. Com a tecnologia, podemos acompanhar o peso e a saúde de cada animal, o que nos dá um ganho enorme de eficiência. O problema é que a atual conectividade não nos permite fazer esse acompanhamento em tempo real, para, por exemplo, investir em novas rações apenas naquele animal que perdeu peso”, explica o pecuarista Ricardo Remer.
Especializada na Internet das Coisas – interconexão entre objetos cotidianos – e na Indústria 4.0 – que utiliza a automação para melhorar a eficiência e produtividade, a empresa vem investindo também em dispositivos que melhoram, por exemplo, a gestão de recursos hídricos e energéticos.
“Muitas vezes, um vazamento de água só é identificado quando a conta chega no fim do mês – e no poder público é ainda pior, depois de vários meses, devido ao fluxo de pagamentos. No caso da energia, numa escola que está consumindo luz fora do horário de expediente, por exemplo, a lâmpada poderá ser desligada automaticamente ou à distância. Com o 5G, essa solução será potencializada em quantidade, confiabilidade e numa velocidade instantânea. Será uma enorme evolução no sistema de telecomunicações, com mudanças radicais em vários setores da sociedade”, afirma Rodrigo.
Revolução do 5G
O 5G pode comportar centenas de dispositivos conectados ao mesmo tempo, bem como pode atingir até 100 gigabytes por segundo – 100 vezes mais do que o 4G, tornando a nova tecnologia capaz até de concorrer com a banda larga. No entanto, o 5G exige de 5 a 10 vezes mais antenas do que o 4G, que também será ampliado a partir do leilão.
A instalação começa até meados do ano que vem pelas capitais, e a partir daí nas cidades que primeiro atualizaram sua legislação. Os novos equipamentos são menores, silenciosos e ocuparão espaços mais comuns, como postes de iluminação, sinais de trânsito, fachadas e telhados de prédios públicos – motivo pelo qual é necessária uma lei específica. A expectativa é de que até 2028, o 5G esteja instalado em todas as cidades brasileiras com até 30 mil habitantes.
A previsão é de o 5G movimente cerca de R$ 50 bilhões em investimentos a partir do ano que vem. Mas, para implementar a tecnologia, é necessário aumento expressivo no número de antenas. Dados da Anatel apontam que os investimentos feitos pelo 5G vão refletir no aumento médio de 1% no PIB por ano até 2035. A agência destaca que o objetivo é atingir 95% do território nacional.