As fortes chuvas – precipitação pluviométrica – que ocorreram nos três últimos dias em cidades mineiras como por exemplo:
Ozirânia, Divino, Carangola, Mirai e Muriaé, ocasionaram transtornos em cinco cidades do Noroeste Fluminense. Itaperuna e Bom Jesus do Itabapoana tiveram vários pontos de alagamentos; Laje do Muriaé também, mas com menos intensidade; Natividade foi o segundo município mais afetado na Região e Porciúncula passou pela pior enchente de sua história levando em consideração dados obtidos pelo DIA junto aos principais órgãos públicos.
O Noroeste do estado do Rio tem duas Bacias hidrográficas, sendo a do Rio Carangola composta por Miraí, Muriaé, Patrocínio, Laje do Muriaé, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira e Campos do Goytacazes. Já a Bacia hidrográfica do Rio Muriaé abrange Ourizânia, Divino, Carangola, Faria Lemos, Tombos, Porciúncula e Natividade.
Comparando a previsão de chuvas prevista para ambas Bacias nas últimas 24 horas, não se concretizou o esperado, que seria entre 7 e 25 mm em cada cidade; foi registrado o total 40 mm, o que significa para os principais órgãos públicos um resultado positivo para as próximas horas desde que não ocorram novos temporais. Veja fotos e vídeos ao fim da matéria.
Itaperuna em estado de alerta máximo – O nível das águas do Rio Muriaé, no perímetro de Itaperuna, está em de acordo com a última medição realizada às 23h15min, deste domingo, 21, ultrapassando a cota de transbordo pleno (4,50m). Os dados são da Secretaria Municipal de Defesa Civil e Ordem Pública (SEMDEC) que está monitorando a situação da cidade e informa a tendência – baseada em avaliações das autoridades de que as águas continuem subindo nas próximas horas. Apesar do status de ALERTA MÁXIMO, a classificação do RISCO GEOLÓGICO (quedas de barranco), no município, em função das chuvas, permanece “BAIXO”, já o RISCO HIDROLÓGICO (enchente mais intensa) é considerado “ALTO”.
A prefeitura recomenda à população ribeirinha que: Eleve os móveis e demais utensílios domésticos; separe remédio, documentos e objetos de valor; busque abrigo com parentes ou conhecidos e acionem a Defesa Civil Municipal pelas linhas 199, caso notem qualquer alteração estrutural em suas casas.
Em Itaperuna, a Ponte do Claudão e a Avenida Ministro de Sá Tinoco (Beira Rio) estão parcialmente interditadas para o fluxo de carros e motos. Na ponte, o bloqueio é no sentido do Centro para o bairro Fiteiro. Já na Beira Rio, o ponto ainda liberado para o trânsito é o trecho compreendido entre a cabeceira da ponte e a rua Buarque de Nazaré (lateral do Colégio Estadual 10 de Maio).
Laje do Muriaé – A Defesa Civil Municipal informou às 18h30, deste domingo, 21, que o nível do Rio Muriaé, – no perímetro de Laje – era de 5.10 m sendo a cota de transbordo de 5,60 m. O diretor do departamento, José Roberto Silva Alves disse ao DIA que sendo assim o curso d’água estaria se estabilizando. Na medição das 12 horas a cota do canal era de 5,05 m o que demonstra a lenta redução. Caso não aconteça nenhuma anormalidade provavelmente na manhã desta segunda, 22, estará abaixando. Uma equipe do INEA arrumou seus aparelhos, que estariam desatualizados em 98 cm do nível da régua, já sendo possível a população acompanhar a altura do nível pelo site do Sistema de Alertas de Cheias do órgão.
Bom Jesus do Itabapoana em estado de alerta – Equipes de diversas secretarias municipais do município estiveram nas ruas, auxiliando as vítimas da cheia do rio Itabapoana, neste domingo (21/02). De acordo com a prefeitura, foram realizadas remoção de acamados, idosos e pessoas com deficiência, auxílio com mudanças e interdição de ruas alagadas. As ocorrências estão sendo registradas principalmente nos bairros Pimentel Marques e Lia Márcia e também na Usina Santa Isabel. O Complexo de Segurança Pública mantém o monitoramento durante todo o período de cheia. A Defesa Civil Municipal emitiu alerta pela manhã, informando que a cota do canal continua alto. Às 12h15, estava registrando 3,95m. A cota de transbordo, que é de 2,10m, foi atingida na sexta-feira (19/02).
O monitoramento do rio é constante e que, aos primeiros minutos da madrugada deste domingo, a vazão da UHE Rosal estava em 295m³ por segundo. Às 8h, havia aumentado para 313m³ por segundo. “O que acontece na UHE Rosal reflete no nível do rio dentro de Bom Jesus do Itabapoana, normalmente, daí a 8 horas. Mas como o nível já estava alto, essa velocidade aumentou, e o reflexo se deu em 6h. Então, o que aconteceu lá às 8h da manhã, foi o que colhemos às 14h, quando o rio atingiu 3,98m”, explicou o prefeito Paulo Sergio Cyrillo.
Às 16h deste domingo, a vazão da UHE Rosal estava em 301m³. “Não é uma diferença grande, mas o fato de a vazão não ter aumentado já nos tranquiliza, porque tende a reduzir ou pelo menos estabilizar o nível do rio dentro de Bom Jesus do Itabapoana”, acrescentou, pedindo que a população se mantenha vigilante, mas sem desespero. Às 17h de hoje, o rio registrava 3,97m. O secretário municipal Fábio de Mello informou que atualmente há 42 pessoas desabrigadas pela cheia do rio Itabapoana. São 12 famílias que tiveram suas casas afetadas pela água e procuraram abrigo da prefeitura, em escolas municipais. Já os desalojados, explicou, são as pessoas que são afetadas pela enchente e procuram abrigo na casa de parentes ou amigos. Sobre o fornecimento de água foi comunicado que a Cedae desliga a bomba, suspendendo o serviço, quando o rio atinge 4,5m.
Moradores de áreas próximas ao rio devem manter total atenção sendo orientado que essas pessoas recolham seus documentos e pertences pessoais e guarde-os em local seguro. O mais indicado pelas autoridades públicas é levantar os móveis e procurar abrigo na casa de familiares, amigos ou em pontos de apoio disponibilizados pelo município. A população de áreas de encosta deve ficar atenta ao risco de deslizamento. A orientação é a mesma: procurem abrigo na casa de familiares e amigos, ou nos pontos de apoio. Em caso de emergência, a população de Bom Jesus do Itabapoana deve entrar em contato com a Defesa Civil pelo telefone: (22) 3831-1403 ou (22) 99943-0692.
Natividade – Com o nível do Rio Carangola abaixando no perímetro de Natividade, o município iniciou neste domingo (21) a limpeza de algumas ruas. A travessia no bairro Balneário – um dos mais afetados – no final desta tarde passou a ser feita em um trator não sendo necessário mais o uso de bote. O secretário de Defesa Civil Municipal ressaltou que as águas estavam diminuindo significativamente. Foram contabilizadas oitenta famílias desalojadas e nove desabrigadas em abrigos da prefeitura. Além do telefone 199, o plantão pelo (22) 3831- 3057.
Devido às fortes chuvas que causaram as cheias do Rio Carangola, a Cedae precisou interromper temporariamente o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Natividade durante a madrugada deste domingo (21). Mas o sistema retomou a operação por conta do início da baixa do nível do rio. No entanto, o abastecimento pode levar até 24 horas para ser normalizado por completo em alguns locais, como ruas altas e pontas de sistema. A Companhia pede que os clientes usem água de forma equilibrada, e adiem tarefas que exijam grande consumo de água.
Deslizamento – O comerciante Edilson José Ferreira, o “Didi”, de 59 anos, teve seu trailer de lanches atingido por uma grande quantidade de terra após as fortes chuvas da noite do dia 20 e precisou ser transferido de helicóptero para o Hospital São José do Avai, em Itaperuna. De acordo com informações da rádio Natividade FM, ele sofreu fratura de fêmur e deslocamento do ombro e por conta dos alagamentos (a RJ 220 está fechada na Avenida Mauro Alves Ribeiro Júnior e Rua Marciano Gonçalves), a remoção aconteceu com o apoio de uma aeronave do Corpo de Bombeiros, que decolou do Rio de Janeiro e pousou na sede campestre do CLEN, que fica a poucos metros do pronto socorro do Hospital Natividade, onde ele estava sob observação.
Águas da cheia recuam em Porciúncula – Chegou na noite deste domingo (21), no município mais afetado da Região, um caminhão da Secretaria de Estado de Defesa Civil com água e cestas básicas para os desabrigados. A doação foi descarregada no Centro Cultural pelo prefeito Leonardo Paes Barreto Coutinho. O Rio Carangola às 19h marcava 5,30m, o que representa 10 centímetros acima da cota de inundação. O levantamento oficial até o dia 21 apontava para 126 desabrigados;; e 3.100 desalojados 8.600 pessoas afetadas.
As águas começaram a recuar na manhã deste dia 20, passando de 8,40m às 21 horas de sábado a 6,39m às 11 horas deste domingo. Os bairros que mais sofreram com as cheias foram Centro, Ilha, Operário, Nossa senhora da Penha, João Francisco Braz e João Clóvis Breijão. A orientação da Defesa Civil Municipal é que a população se mantenha afastada das áreas de alagamento, podendo realizar limpeza, mas recomenda não descer os móveis. O Departamento de Engenharia da Prefeitura de Porciúncula realizou vistoria na passarela que liga os bairros João Clóvis Breijão e Centro que pareceu apresentar problemas na tarde de sábado. A passarela encontra-se interditada temporariamente. A engenheira Carolina Garcia relatou que, aparentemente, a laje de concreto não apresenta riscos, mas afirmou que não foi possível avaliar a estrutura em razão do volume de água que impossibilita a visualização dos pilares. O Departamento de Engenharia encaminhou o laudo da avaliação para a Secretaria de Defesa Civil e Infraestrutura Urbana, que deve manter a interdição, para evitar fluxo de pessoas e possível risco à segurança dos pedestres.
Abastecimento de água – A Cedae informou que o abastecimento de água foi reestabelecido no município. “A bomba foi reativada às 14 horas, mas deve demorar a chegar um pouco mais nos pontos mais altos da cidade” explicou o funcionário Francisco Hygino Meira Lyra.
Doações – Municípios vizinhos como Eugenópolis e Antônio Prado de Minas enviaram caminhões pipa para a limpeza das ruas. Doação de água, roupas e leite foram feitas para os desabrigados no Colégio José de Lannes feitas por moradores de Antônio Prado de Minas.
O Dia (Lili Bustilho)
Foto: divulgação/PMP