A histórica Igreja de São José, na região central da Capital, acaba de ganhar uma versão charmosa no município fluminense de Varre-Sai
Na pacata paisagem de cafezais no distrito de Boa Sorte, no município de Varre-Sai, no interior do Estado do Rio de Janeiro, a comunidade local juntou forças para tirar do papel, 14 anos depois, o projeto de finalmente erguer a Igreja Nossa Senhora das Dores (Igreja do Cafezal). Com a reunião de centenas de fiéis, a paróquia, que foi inspirada na histórica Igreja de São José, fundada em 1608, no centro da capital fluminense, foi inaugurada no último dia 03 de novembro.
O novo templo de Varre-Sai, que pertence a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, é uma versão menor da Igreja de São José, que fica situada ao lado do prédio da ALERJ, na Avenida Antônio Carlos. A versão mais modesta de Varre-Sai tem suas influências da “matriz” carioca tanto na arquitetura, como na ornamentação da parte interna. Gerida pelo Padre José Carlos Degli Esposti, o local conta com arquitetura barroca refinada, algo inédito na região, além do acabamento de sua estrutura em alvenaria (veja mais imagens no final da matéria).
Igreja São José no Centro do Rio. Igreja Nossa Senhora das Dores (Igreja do Cafezal), em Varre-Sai
Fruto da doação de trabalhadores, artesãos e pequenos produtores rurais, a obra custou algo na ordem de R$ 1 milhão para ter seus trabalhos finalizados. A construção original foi iniciada em 2010, mas só foi retomada em 2021. O terreno escolhido para a construção, fica numa fração de uma plantação de café, cedido por uma família devota de produtores rurais.
Confira imagens da Igreja Nossa Senhora das Dores, em Varre-Sai
Na parte interna da igreja, o único retábulo (estrutura em pedra ou talha de madeira que fica na parte posterior de um altar) é praticamente uma réplica de um dos três que existem na Igreja de São José. A principal atração da paróquia, a imagem de Nossa Senhora das Dores, foi feita toda em fibra de vidro, tendo sido esculpida pelo renomado artista plástico Diego Andrade.
“A igreja de Nossa Senhora das Dores demorou anos para ser construída e foi viabilizada pela sociedade civil local. Quanto aos materiais, se usou o que havia de mais prático e moderno, porém mantendo o respeito à estética e aos valores ancestrais, com destaque para o altar em madeira, este sim, “importado” de Minas Gerais e feito de modo tradicional por artistas de São João del Rey“, diz o padre José Carlos Degli Esposti, que não escondeu a emoção com a inauguração do templo.
“A ficha ainda não caiu. É muito gratificante todo o apoio da nossa comunidade. A gente teve a ajuda financeira da economia do município pelo café e a força de trabalho de pessoas que tem muita fé. Estamos com muita alegria e muita satisfação de poder abrir a portas para toda comunidade católica da região“, concluiu o religioso.
Ainda na fase de resolução de problemas burocráticos, a Igreja Nossa Senhora das Dores se prepara para ter uma agenda fixa a partir da segunda quinzena de dezembro. O espaço irá funcionar todos os dias pela manhã, e terá missas aos domingos e nos dias 15 de cada mês.
Segundo o especialista em patrimônio cultural, Olav Schrader, a Igreja de Nossa Senhora das Dores quebra alguns paradigmas, que segundo ele, estariam obsoletos:
“O patrimônio Cultural não é apenas algo antigo, uma construção física ou uma tradição registrada num museu e não replicável nos nossos dias. Pelo contrário, é também uma tradição viva, material e imaterial, que ressurge, cresce e se adapta aos tempos mantendo exatamente o que sempre foi, essencialmente, através das gerações”, diz o especialista, que completa.
“A Igreja de Nossa Senhora das Dores na zona rural de Varre-Sai não é um passado nostálgico e não é mais uma utopia para o futuro. É fruto do que somos em sua mais singela expressão popular de inspiração transcendental. A busca do bom, do belo e do verdadeiro está além do tempo, e aí reside justamente seu valor, transformando um cafezal em monumento.”
Fonte: Diário do Rio: Com informações – O Itaperunense