Celulares apreendidos dentro de freezer e malas de dinheiro durante a Operação Têmis
A Polícia Federal fez uma operação, na manhã desta sexta-feira (13), contra suspeitos de compra de votos e lavagem de dinheiro nas eleições de municípios da Baixada Fluminense. Os agentes cumpriram mandados contra o secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Washington Reis, o atual prefeito de Caxias, Wilson Reis, e a vereadora Fernanda da Costa, filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, e mais 11 vereadores. Ao todo, a Operação Têmis cumpre 22 mandados de busca e apreensão nos municípios de São João do Meriti, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e na capital fluminense.
De acordo com a Polícia Federal, o grupo movimentou cifras milionárias para financiar, ilicitamente, campanhas de candidatos a cargos políticos. Na casa do investigado Wellington da Rosa, assessor do deputado Valdecy da Saúde e funcionário das prefeituras de São João de Meriti e Miguel Pereira, os agentes apreenderam R$ 2,28 milhões.
Dinheiro apreendido na casa do assessor de candidato a prefeito da Baixada Fluminense — Foto: Divulgação
A Polícia Federal apreendeu dois celulares no freezer na casa do prefeito eleito de Duque de Caxias, Netinho Reis (MDB). Ele é um dos alvos da operação deflagrada nesta sexta-feira (13) contra uma organização criminosa suspeita de compra de votos e lavagem de dinheiro. Quando os agentes chegaram na casa do político, que é sobrinho do secretário Estadual de Transportes e ex-prefeito de Caxias, Washington Reis (MDB), também alvo da ação, Netinho tentou esconder os aparelhos dentro do eletrodoméstico. A reportagem apurou ainda que dois carros de luxo foram apreendidos em Xerém, em Caxias, na casa de Washington Reis.
PF apreende celulares no freezer da casa de Netinho Reis, prefeito eleito em Caxias, durante operação na Baixada Fluminense
A Justiça determinou bloqueio de R$ 10 milhões dos investigados. Entre os alvos estão: Washington Reis, secretário de Transportes do Rio de Janeiro; Wilson Reis, atual prefeito de Duque de Caxias; Netinho Reis, prefeito eleito de Caxias; Valdecy da Saúde, deputado estadual; Fernanda da Costa, vereadora de Caxias e Wellington da Rosa, assessor do deputado Valdecy da Saúde.
O prefeito de Duque de Caxias Wilson Reis — Foto: Charles Mathura/TV Globo
Investigações
As investigações começaram em outubro, quando um homem foi preso em flagrante em Duque de Caxias, com R$ 1,9 milhão em espécie, sob suspeita de compra de votos. Há indícios de que empresas contratadas pelo poder público eram utilizadas para favorecer agentes políticos em suas campanhas, com o fim de manter a hegemonia do grupo nesses municípios. Os crimes investigados incluem organização criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
Casa do ex-prefeito de Duque de Caxias e secretário de Transporte Washington Reis — Foto: Charles Mathura/TV Globo
O que dizem os citados
Em entrevista ao g1, Washington Reis negou as acusações.
“Tenho 32 anos de vida pública, tenho muita tranquilidade, e não tenho nada a ver com isso. Nossa eleição foi feita com muita transparência, honestidade, as contas foram aprovadas, e está tudo tranquilo. Não tenho nada a temer e estou aqui para colaborar com a justiça”.
O prefeito de Duque de Caxias, Wilson Reis, disse que não tem nenhum envolvimento no caso citado, confia na justiça e está a disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários.
O g1 entrou em contato com as assessorias de Netinho Reis, do deputado Valdecy da Saúde e com a Câmara de Vereadores de Duque de Caxias, mas ainda não obteve retorno.
Por Marco Antônio Martins, Rafael Nascimento, Márcia Brasil, Fábio Amato, Bom Dia Rio e g1 Rio