A primeira missão nenhum militar esquece. Até mesmo se ele for um pet. Certamente, este será o caso do cão Oss, do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná, que se juntou à força-tarefa coordenada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro no resgate às vítimas do desastre de Petrópolis, na Região Serrana. Até às 16h desta segunda-feira, a corporação registrava 178 mortes causadas pelo forte temporal da última terça-feira, dia 15. O iniciante Oss é um dos 44 cães que integram o trabalho das equipes de bombeiros de 16 estados da federação na cidade serrana. Somando à equipe do Rio, são 54 animais se revezando nas buscas.
O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro atua em Petrópolis com uma força-tarefa que conta com equipes especializadas em busca com cães, em operações de salvamento em desastres e em resgate em estruturas colapsadas. São militares altamente capacitados, que trabalham de forma encadeada, otimizando os recursos e diminuindo o tempo-resposta.
Condutor do Oss, o cabo Rafael Souza Vaz, do Corpo de Bombeiros do Paraná, está acostumado a atuar em desastres. Ele participou do trabalho de resgate em Brumadinho (MG) junto com um outro cão. Desta vez, a responsabilidade está com Oss.
– Aqui no Caxambu (localidade em Petrópolis) é a primeira “área quente” para onde a equipe do Paraná foi deslocada. O trabalho do Oss está sendo satisfatório, pois ele já identificou um possível local de busca, de interesse – destacou o bombeiro. “Áreas quentes” são regiões com alto risco de deslizamento.
Os profissionais do Paraná vieram em duas equipes (terrestre e aérea) com 10 militares e quatro cães.
O tenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro Willian Pellerano, chefe de Operações do Canil do 2º Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente (2º GSFMA), em Magé, na Baixada Fluminense, também foi destacado para atuar nas ações de resgate. Segundo ele, o apoio dos cães é fundamental nas ações.
– Os animais são treinados e muito importantes, pois a gente consegue ampliar nossas frentes de trabalho e dar uma resposta mais rápida na localização de vítimas para que, assim, os bombeiros possam trabalhar, escavar e retirá-las – explicou.
Segundo o tenente Pellerano, que é condutor do labrador Apolo, cão e bombeiro formam uma dupla conhecida, e a sinergia entre eles é fundamental para o trabalho.
– Os cães têm uma capacidade olfativa muito mais sensível que o ser humano. É 40 vezes maior. Então, é por meio do olfato e da mudança de comportamento que o seu condutor sabe reconhecer se aquele local é uma área sensível e pode ter uma vítima – destacou.
Outra equipe que está ajudando nas buscas e resgate é a do Ceará. Com três cães, os militares chegaram na madrugada de sexta-feira, 18, e já iniciaram o trabalho às 6h da manhã, como explicou o condutor da labradora Nala, de três anos, o capitão Eliomar Alves.
– Os cães do Rio de Janeiro são especialistas no assunto, muito bons e com uma equipe muito qualificada. Só que pelo tamanho do desastre, sabíamos que chegaria o nosso momento de vir, pois, assim como nós, que temos uma carga horária de trabalho, o mesmo acontece com os cães. Eles também fazem um trabalho extenuante: andar na lama e usar o faro o tempo todo é um esforço físico e mental muito grande – detalhou.
Os animais precisam de repouso de 12 horas, e o reforço é fundamental para a localização das vítimas. Uma média total de 500 militares atua diariamente nas ações de resposta ao desastre climático em Petrópolis, o pior da história do município, com acumulados de chuva que chegaram a 258,6 mm em 3 horas e 259,8 mm em 24h.